No dia 28.07.12 foi feito um
mutirão para visitarmos a Organização de assistência à infância de Bangu
(OAIB), porém a organização da visita começou bem antes, com a arrecadação de
doações de diversos tipos (Roupas, comida, brinquedos..), para que no dia não
fôssemos apenas mais um grupo que apareceria só para dar “Oi”, nosso objetivo
era fazer alguma diferença, mesmo que pequena.
Mas como nem tudo são flores, a
quantidade de alimento doado foi pequena (11kg) e nosso grupo resolveu que cada
um doaria mais 3Kg para somarmos à quantidade já arrecadada. Com mais de 20 Kg
de alimento, além de brinquedos e roupas, fomos à OAIB.
A
primeira impressão que tive quando chegamos lá é de como aquelas crianças
precisam de carinho. Não que as “tias” não cuidem delas, mas como é algo feito
por obrigação, elas devem cuidar sem brincar, deixando as crianças se
divertirem apenas entre si, e as crianças ficam sentindo falta de brincar com
adultos. Quando elas são trazidas para nós, quase todas vêm correndo,
abraçando, pedindo colo, essas coisas; o que é bom, pq nossa intenção era estar
com elas, mas eu fico pensando em como elas devem se sentir no resto do tempo,
deve ser algo muito solitário. Se alguma tiver medo de escuro, ela não vai
poder ir pra cama da mãe de noite para os “monstros” não a pegarem. Acho isso muito triste.
Outra
coisa muito fácil de se notar é a competição entre elas. Quem pegou mais
brinquedo, quem tem mais biscoito, quem ficou mais com as “tias que vieram
visitar” e por aí vai. Elas visam sempre a quantidade. No caso dos brinquedos
isso era MUITO fácil de ver, pq as crianças saem catando o máximo possível de
brinquedos e aglomeram os seus num canto, se outra criança tenta pegar, elas
puxam da mão, gritam, algumas mais agressivas até batem, outras choram e chamam
um adulto.
A nossa
visita fez bem tanto para nós quanto para elas, mas eu não sei qual lado foi
mais beneficiado. Um detalhe que nunca sai da minha cabeça qnd visito a OAIB
(Faço isso há um tempinho) é que aquelas crianças não são necessariamente órfãs
precisando de adoção, a OAIB abriga crianças órfãs, crianças que foram
abandonadas pelos pais e também crianças que foram retiradas de seus familiares
por decisão da justiça (Por ser considerado que estar com seus pais e
familiares ofereceria perigo à elas), este último caso é o mais triste, pq são
crianças acostumadas a serem uma unidade com atenção focada nelas e de repente
passam a ser vista apenas como parte de um grupo. Na OAIB a rotação é bem
frequente, isso é visto pelo numero de crianças que estarão presentes em duas
visitas feitas em tempos relativamente curtos e isso facilita para elas sejam
vistas apenas como parte do grupo e não de forma individualizada. Um exemplo de
criança não acostumada com essa atenção geral foi uma menina que ficou todo o
tempo amuada num canto, só falava se a gente falasse com ela, chorava o tempo
todo e não estava acostumada com a competição das crianças de lá, tanto que
quando quis brincar com um laptop da Xuxa q foi doado mas outra menina já tinha
pego, ela foi pedir, a menina tomou da mão dela e ela voltou para a cadeirinha
q ela estava antes e ficou sentadinha lá chorando. Ela não está acostumada a
lutar por um brinquedo, é o tipo de criança que ganhava coisas sem se preocupar
com alguém tomando dela. Essa menina também foi a que me falou que queria a
tia, eu perguntei qual das tias ela queria e ela disse “A MINHA tia”.
A
grande maioria das crianças se divertiu horrores com a nossa visita, brincaram
para caramba, comeram várias coisas, “jogaram futebol” e não queriam que nós
fossemos embora no fim da visita (Que tinha apenas uma hora de duração por ser
parte do protocolo da instituição), nós também não queríamos ir, mas tínhamos
que cumprir as regras pré-estabelecidas.
Ao fim,
todos ficamos felizes, até a menina amuada, depois de muito tempo e doces, e
agendamos a próxima visita logo, visita esta que será feita amanhã 16.08.12.
Queremos saber como estão as crianças, se seu café da manhã deixou de ser
apenas um biscoito de maisena (não é preciso ser nenhum mestre em nutrição
infantil para saber que isso não supre as necessidades básicas do desjejum de
ninguém, muito menos de alguém em fase de crescimento) e descobrir se as
crianças da ultima visita ainda estão lá, ou se já mudaram de novo. Desta vez
não foi feita a arrecadação de doações e será levado apenas mais 3 kg de
alimento de cada um.
Os
registros da ultima visita foram feitos em fotos e filmagens, arquivos salvos
conosco.
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