domingo, 3 de maio de 2015

O que a Disney revela sobre você

Que a Disney foi algo presente a beça na infância de praticamente todos os jovens adultos de agora não é novidade para ninguém, fomos uma classe de crianças que perdiam tardes assistindo VHS verde, pedindo para ajustarmos agora a imagem e o som de nossos equipamentos e que teríamos que rebobinar as fitas antes de entregar na locadora, salvo no caso de sermos parte do núcleo rico que tinha todas as fitas em casa (Eu só tinha “Branca de Neve e os Sete Anões”).
Agora uma coisa que parei para pensar esses dias foi: Como pequenos humanos que tem parte de seus valores definidos até os sete anos de idade, como alguns filmes infantis podem ter influenciado nos nossos julgamentos sobre os outros e sobre nós mesmos?
Com isso em mente, chamei duas amigas e as pedi para que cada uma delas, através de seus príncipes e até suas princesas, caso fosse necessário, Disney favoritos, fizessem uma análise de como a Disney teve influência sobre elas.
Essas amigas são Vanessa e Katharine, que trabalharam comigo há um tempo atrás e se tornaram pessoas muito queridas neste humilde coração. Somos abertamente fãs de clássicos e não clássicos Disney e amamos isso.


VANESSA

Começo minhas considerações, listando os príncipes pelos quais nutro uma paixonite adolescente, mesmo depois de já ter passado dessa fase tenebrosa; Flynn Rider, Príncipe Eric e Príncipe Adam (a Fera)

Um ponto que todos compartilham, e que pra mim se faz totalmente necessário em qualquer homem, é a atitude. Ora vamos, que mulher não ficaria maravilhada em saber que seu amado cavalgou meia cidade pra te salvar das garras de uma desconhecida lunática; ou que  lutou contra a então rainha dos mares pra te salvar de um destino colhido por você mesma há varias nadadas passadas; e que melhorar de todos lutou com vizinhos amedrontados pelo preconceito e pela obsessão de um rejeitado enciumado, viu sua casa ser destruída e morreu, sim morreu ( tudo bem que virou um príncipe bonitão depois) por ter atendido a sua voz. Ahh a atitude, isso deveria ser ingrediente da mamadeira para os homens. 

Lógico, que mulher nenhuma espera que o amado morra por ela ou por qualquer outra causa, mas antes espera viver o felizes para sempre. 

Mas, dito isso volto a descrição dos meus favoritos. 

Acho Flynn Rider um príncipe genial, por que ele descaracteriza todos os outros, não veio de uma linhagem nobre, não tinha a menor classe, pelo contrário queridas, era ladrão, tudo que mamãe nunca pediu à Deus. Mas mesmo assim, o cara soube ser amigo, soube se aproveitar da situação com decência, soube fazer do sonho, a melhor experiência já vivida e com certeza soube se fazer herói quando preciso foi. 

Príncipe Eric é, ao contrário de Flynn, o típico príncipe Disney, desses que você sabe que não vai achar nem com holofotes. Entendam, homens decentes não são difíceis de encontrar, mas homens 'Príncipe Eric' tenho minhas dúvidas se um dia foram criados. 
Esse espécime sabe cuidar sem parecer estranho, sabe hospedar sem parecer curioso e sabe se apaixonar pelas qualidades, não pela lorota que possa ser contada.

Não quero falar de beleza por que, apesar de Vinicius dizer que é fundamental, nesses casos não se aplicariam por não serem pessoas reais, com marcas de sol na cara, cicatrizes de espinhas e cataporas. Até por que de nada vai adiantar ser lindo por fora e pecar no português ginasial.

E por último, mas não menos importante, falemos da Fera, Príncipe Adam. 
Brucutu tosco, mimado, grosso, sem um tico de simpatia nos ossos, como acho que todo homem pensa ser na primeira olhada, talvez nem todos. 
O Príncipe Adam, depois que o conhecemos melhor, se mostrou um príncipe com todas as propriedades; simpático, seguro e inseguro (combinação que em dados momentos faz da vulnerabilidade o ponto forte), amigo, protetor, preocupado com os interesses da amada, e acima de tudo dono de uma biblioteca sensacional, que me conquistaria na primeira espiadela. Tudo isso faz do príncipe Adam o meu favorito entre os favoritos. 

Assim acredito que para mim, um homem pode ser um pouquinho de cada um, não sou pretensiosa em achar que poderia encontrar a combinação dos 3 em um único ser, seria conto de fadas demais. Mas gosto de pensar que queria ter por perto uma pessoa que tenha atitude, que sabia ser compreensivo, amigo, acolhedor e protetor. Não espero perfeição, não posso exigir o que não posso oferecer, mas queria sim boa vontade e disposição de fazer tudo mágico e imperfeitamente perfeito.


PATRÍCIA

Jamais poderia escolher um príncipe Disney apenas, então a minha lista possui quatro deles, de diversas espécies.. hahahahah
Eles são Simba, Adam (A fera), Shang e Tarzan. Não consigo definir uma ordem de preferência entre os três primeiros simplesmente por que não posso. Mas vamos ao que interessa.

Uma coisa que reparei logo de cara mês passado, quando os listei pela primeira vez para um amigo meu, foi que nenhum deles segue a vibe clássica do Prince Charming, onde a mocinha indefesa está lá precisando ser resgatada e não mais que de repente surge um homem e a retira daquela aflição. 
Não. Eles são “homens” que estavam perfeitamente bem em suas realidades (incluindo Adam que já havia aceitado ser um monstro por toda a eternidade) quando uma moçoila desavisada caiu em suas vidas e bagunçou todo o meio de campo (Por que se você reparar bem, todas as moçoilas em questão ESTAVAM MESMO desavisadas quando os conheceram).
Esse fato mostrou uma relação direta com o fato de que eu, Patrícia, não tenho o hábito de me mostrar uma dama indefesa que precisa de cuidados (claro que possuo meus medos, ninguém é de ferro, mas ainda assim não me mostro uma moça que precisa ser “resgatada”). Realmente não me vejo como alguém que necessita de um homem para estar completa na vida, o que não quer dizer que eu seja uma feminazi louca que acha que todos os homens mereçam morrer, longe disso e não sou uma pessoa que tenha o hábito de depender dos meus amigos com frequência, eu costumo ter os meus problemas, não comentar com ninguém e resolvê-los por mim mesma. Se eu tenho algo que acho que alegrará as pessoas que me importo, eu divido com elas, se for algo que irá entristecê-las, eu fico quieta.

Outro ponto que reparei ser semelhante entre eles foi que todos eles são personagens extremamente fortes e respeitados por seu poder e não sua posição apenas. Simba teve que voltar e lutar contra seus temores do passado para ser respeitado como o rei da Pedra do Rei, Shang possuía um background bem gordo antes de assumir seu posto como capitão, Tarzan precisou provar para todos aqueles que cresceram com ele que ele merecia ser respeitado como um igual e Adam, através de seu temperamento explosivo e mandão, se fazia respeitar.
Todos eles encontraram “mulheres” que demonstraram o mesmo respeito que os demais por eles mas que ao mesmo tempo não abaixavam suas cabeças. Eram “mulheres” que debatiam seus pontos de vista e também se faziam respeitar, seja através de um bate boca ou salvando a China dos hunos.
Relacionando este detalhe com aquilo que falei logo acima desta segunda parte, é bem verdade que para que eu consiga me relacionar bem com alguém, eu preciso ter um respeito absurdo por essa pessoa.
Seria mais fácil preferir, sei lá, o principe Philip, que encontrou a moça lá dormindo, a beijou e eles se amavam. Muitas pessoas buscam exatamente isso, um relacionamento (considerando que  não estou apenas falando de romances mas relacionamentos de um modo geral) que surge do nada e que irá te guiar para sempre, mas do meu ponto de vista isso é algo extremamente surreal. Não que não possa haver, existem pessoas que desenvolvem relacionamentos exatamente assim, mas eu não vejo esse tipo de coisa acontecendo comigo, porque eu simplesmente não conseguiria gostar de verdade uma pessoa sem saber como ela realmente é, ou como trata a própria mãe, ou como se posiciona diante da igualdade de direitos, diversos pontos de maior e menor importância são considerados por mim e deveriam ser considerados pelas demais pessoas, mas cada um é cada um e o que eu julgo muito importante pode ser algo completamente desnecessário para outros.

Um terceiro ponto que reparei é que todos eles são meio rústicos, digamos assim, eles são “machões”, homens que se impõem e não ficam apenas abaixando a cabeça para os mandos e desmandos de suas mulheres. Isso é outra coisa que eu valorizo muito, não quero conviver com pessoas que fiquem apenas no “Sim, senhora”, “Não, senhora”, eu quero alguém que saiba argumentar comigo em diversos pontos (Não, não quero uma vida baseada em textão, quero apenas pessoas que não me coloquem num pedestal de dona da verdade), obviamente não quero alguém que para provar seus pontos quebre uma parede ou fique gritando, longe disso. Quero alguém que se imponha com argumentos.

Em resumo, quando analisando meus principes Disney favoritos e fazendo comparações diretas entre detalhes importantes de cada um deles, pude concluir que para que eu consiga desenvolver amizades eu preciso, antes de tudo, ver que a pessoa é segura de si, sabe se posicionar e sabe aceitar também quando seus argumentos não são os mais corretos. Uma das coisas que mais me estressa é quando, num exemplo exagerado, falo “O céu é verde e o mar é lilás” e a pessoa balança a cabeça e concorda. Pessoas assim me cansam demais.


KATHARINE

Antes de mais nada, quero colocar que sou fã e assisti/ assisto a todos os filmes de princesas lançados pela Disney. Sim, apesar de já ter passado do público alvo a qual as histórias são direcionadas, ainda hoje – no decorrer dos meus 20 e poucos anos – me pego buscando traillers, sinopses e datas de estreias de animações. Antes de julgar ou tachar-me como infantil ou uma jovem com alguma Síndrome de Peter Pan, onde me recuso a crescer e encarar a realidade a minha volta, buscarei refletir como ao filmes animados possuem personagens nas quais me inspiro ou, até mesmo, me identifico por suas atitudes. Para tanto, destacarei quatro das minhas princesas favoritas: Ariel (The Little Mermaid),Fa Mulan (Mulan), Elsa (Frozen) e Rapunzel (Tangled). Através delas e refletindo sobre suas personalidades, ações e relacionamentos, buscarei colocar um pouco sobre mim. Ressalto que me focarei somente nos filmes animados, não entrarei no mérito a respeito da origem das lendas de cada princesa, bem como suas similaridades e diferenças dos contos existentes fora dos portões dos domínios do Mickey Mouse.
Como primeira parada, vamos nos centrar na Ariel. Por que ela? Simples, por ser a minha favorita (sim, estou sendo tendenciosa) e por ser a primeira princesa a entrar na minha vida e aquela que tenho mais memórias. Só Deus, meu pai e o proprietário da locadora do meu bairro sabem quantas vezes eu assisti aos filmes dessa princesa sereia ruiva. Ariel, apesar de jovem, foi uma personagem que nos ensinava a questionar os padrões a respeito do que é certo a partir do ponto de vista da sociedade – ou reino, utilizando o termo mais específico ao lidarmos com princesas - na qual estava inserida. Não concordava e questionava a todo o momento as limitações a respeito de seu comportamento, a maneira correta de uma jovem deveria se portar, a fim de não se expor a uma atitude “inadequada”. E quantas de nós, meninas, não já fomos expostas ao mesmo. Frases como “Comporte-se como uma mocinha”, “Não é assim que uma mocinha senta/age/fala”, “O fulaninho pode fazer isso porque ele é um menino” entre tantos outros exemplos que escutamos ao longo de nossas vidas. Ao mesmo tempo em que busca expressar-se, é restrita pelas normas do reino. 
Até no momento em que se apaixona pelo belo Príncipe Eric, nossa princesa deve escolher entre seguir as regras do livro da boa educação ou ficar com ele, um humano, totalmente ignorante da existência do seu povo e com costumes, obviamente, completamente distintos do seu. Pessoalmente, não concordo com todas as atitudes da pequena sereia para chegar a seu objetivo. Pois, relacionou-se com más companhias – vulgo, Úrsula – e chegou a extremos de mudar completamente para tornar-se adequada para seu True Love. Outra lição no filme é essa, apesar de ter o seu Happily Ever After com o seu escolhido, a que preço foi isso? Mudando sua aparência física? Não estou aqui entrando no mérito d’ela ser uma sereia e ele um humano, mas sim no fator transformação física para adequar-se. Como também temos o segundo ponto, onde a princesa buscou suas respostas, em um primeiro momento, com a bruxa, atrás de uma resposta rápida, uma atitude que mostra sua inocência em relação ao mundo. Para mim, Úrsula é a representação dos ‘falsos amigos’. Sim, você sabe de quem eu estou falando, certo? Aquela pessoa que te prometeu fidelidade eterna e ajuda incondicional, mas que na primeira oportunidade, te abandonou e ainda deixou uma bagunça para você arrumar. Ou então aquele indivíduo que te ofereceu uma saída rápida para um problema, mas,na verdade, só estava torcendo para sua queda. Ariel, para mim, é a construção de uma personagem complexa, com seus acertos e erros. Porém, em sua essência, somente buscava espaço para se expressar, respeito a suas ideias e compreensão sobre suas escolhas.

Seguindo com a análise, destaco agora Fa Mulan, uma jovem sem uma coroa para chamar de sua, mas com força de espírito, coragem e independência a qual faria inveja em qualquer rainha, princesa, duquesa que passou ou irá passar pela Disney. Mulan é uma jovem carinhosa com sua família, contudo sente dificuldades para encontrar-se na sociedade patriarcal em que está. Chegando a momentos de questionamento de seu valor, pergunta essa que nenhuma menina/garota/mulher deve se fazer, independente de onde esteja. 
Em uma comunidade onde o meninO é valorizado e a meninA é colocada como nada mais do que um belo bibelô, Mulan é guiada por uma impulsividade inconseqüente em sua busca por fazer o correto, de acordo com seus termos.  E devido a essa impulsividade, parte para a guerra, na intenção de proteger seu pai. Nos campos de treinamento, conhece aquele que se tornaria seu amor, o Capitão Lee Shang. Um rapaz corajoso, porém, guiado pelos padrões patriarcalistas e machista de sua sociedade. Observamos, então, que Mulan possui duas missões: provar seu valor, pois, é capaz encarar qualquer desafio, independente de seu sexo; e vencer os valores tradicionalistas presentes no comportamento do General Lee. Mulan é a personificação, para mim, da busca do equilíbrio entre mostrar sua força e coragem de encarar os desafios, mas sem perder a feminilidade e delicadeza que existe dentro de si.

Continuando, coloco Rapunzel. Uma jovem que teve uma vida restrita, mas que ansiava por novas experiências e oportunidades. Essa princesa vivia em uma torre isolada, local este que, em minha opinião, representa menos sua exclusão da sociedade e mais o seu refúgio de proteção, o único local onde sente-se completamente segura. Ao mesmo tempo em que deseja o novo, a princesa está presa não somente pelas pedras que a cercam, mas também por suas incertezas e dúvidas, o medo de encarar o desconhecido, sem nenhuma ideia do que irá surgir ao virar a próxima esquina. 
Seu bilhete de saída surge sob a forma de Flynn Rider, um bandido que, no primeiro momento só desejava tirar vantagem de sua inocência e credulidade, todavia, rapidamente, percebe que há mais do que uma doce garota sob os longos cabelos loiros. Falando sobre o Flynn, o que há para se apaixonar por ele, racionalmente falando? O rosto bonito? Os esquemas para ganhar dinheiro fácil? Ou o desejo de uma garota de transformar o menino mal no genro dos sonhos? Considero um pouco da última suposição misturado com a habilidade de leitura do caráter – mesmo que de forma ingênua – feita por Rapunzel. Uma jovem que acredita em segundas oportunidades e teve a coragem de encarar o novo, mesmo que fosse contra a vontade de sua “mãe”. Por vezes, ao nos restringir, nossos pais buscam nos proteger e o melhor para nós, todavia, devemos crescer e chegar ao ponto de posicionarmos por nós mesmos e encarar quaisquer conseqüências advindas de nossas escolhas. Esta é a maior lição que podemos tirar dessa história.

Por último, destaco a Princesa – quase Rainha – Elsa. Esta é uma personagem singular, pois, ao contrário de todas que foram colocadas até o momento, não quer e não busca um príncipe para chamar de seu. Ao contrário, busca se afastar de todos – até mesmo de sua irmã, que só deseja estabelecer uma relação fraternal amorosa com ela – pois teme que seu eu-verdadeiro seja assustador, mas não vou negar que congelar qualquer pessoa ou objeto em que tocasse é uma mudança um pouco mais drástica do que eu conseguiria encarar. É uma princesa que navega entre o medo de ser descoberta e excluída por ser diferente, e a coragem de abraçar sua mudança quando chega o momento sem retorno e buscar a melhor solução, de acordo com sua concepção e ideias. Elsa não busca ajuda por temer as conseqüências, suas inseguranças, ao serem transportadas e adaptadas a nossa realidade são facilmente observadas em jovens que buscam esconder suas verdadeiras personalidades ou formas físicas, por receio de serem taxadas de diferentes e excluídas do grupo que fazem parte. Elsa, contudo, nos mostra que é possível aceitar-se tal como é, se nós tivermos um braço no qual nos apoiarmos- no caso desta princesa, sua irmã, a Princesa Ana - no caso de necessidade. Não é uma tarefa simples a completa aceitação de nós mesmos, como indivíduos imperfeitos e falhos, mas é uma tarefa diária que devemos travar. 

Quanto a mim, me vejo nos questionamento dos padrões feitos por Ariel e Mulan, ao não ser me encaixar no papel de filha/sobrinha/neta perfeita, com traços e trejeitos de uma jovem delicada e vaidosa ou quando questionava o porquê ter que parar de fazer o quê quer que estivesse fazendo para atender a uma tarefa doméstica, com a justificativa de “Você é uma menina, tem que aprender a fazer isso.”. E, diga-se de passagem, nunca aceitei essa frase e já tive algumas boas discussões iniciadas por ela. Reconheço-me na Rapunzel, ao buscar novos campos e oportunidades, mas com medo de encarar o novo. E ao colocar-me de frente com alguém e afirmar: ‘Essa é a minha escolha. Por favor, respeite-a. “O que vier a partir dela, seja pelo lado positivo ou negativo, será de minha inteira responsabilidade”. Por fim, com Elsa, reconheço a busca pela aceitação de minhas limitações e apreciação, seja fisicamente ou na personalidade, de cada parte de mim. 
Está longe de ser uma tarefa simples ou uma tarefa com um prazo de finalização. Apreciar uma princesa da Disney é mais do que rir de piadas ou admirar-se com músicas. É observar uma princesa e se identificar com suas ações, levando para sua realidade. É criticar suas ações quando necessário da mesma maneira que nos auto-criticamos. Nunca serei perfeita, mas acredito que nenhuma princesa que coloquei aqui era; Posso encontrar um príncipe que me aceite tal como eu sou, ou não. Posso nunca mais errar, mas sei que o erro é parte do aprendizado. Posso agradar a todos no meu presente e/ou futuro ou posso desapontar a todos. No entanto, buscar o melhor de mim a cada dia é a incumbência em que me coloco. Buscarei chegar ao ponto em que estarei completamente realizada com minha perfeita imperfeição.

Gostaria de agradecer pela participação de minhas amigas, que conseguiram expor suas opiniões e tornaram este um texto bem rico.
Muito obrigada, meninas. <3

Beijos


O que aprendi nos apps de pegação (Tinder, Grindr e Hornet)

Atualmente (na verdade nem tão atualmente assim) as pessoas tem feito uso de apps de pegação em seus celulares.
Eu estava meio por fora desses apps no ano passado por três razões:
1 - Pq não sou obrigada a ficar na feira de corpos.
2 - Pq estava com um cara.
3 - Pq precisar de um app pra pegar alguém é mt fim de carreira.

Mas esses apps são uma sensação geral, isso temos que concordar. Então outro dia meu irmão falou “Pq a gente não cria um perfil no Tinder e vê quais amigos nossos têm pelo simples e puro prazer do bullying?”.
Achei a idéia ótima por diversas razões, incluindo o HU3 Br, e criei um perfil. Mas como não sou besta, era um perfil inteiramente falso.
Criei um perfil masculino, com a foto de uma figura pública (pois jamais usaria as fotos de uma pessoa que não fosse pública) mas do meio underground, logo pouco conhecida, homem esse que possui uma beleza acessível, apesar de muito belo (Sabe aquele tipo de cara lindo mas que ainda assim passa uma vibe de que não é impossível encontrar nas ruas do Rio de Janeiro? Este cara.), usei uma descrição adequada com um português bom mas sem muitos floreios, indiquei um curso superior em andamento, coloquei um nome comum e um sobrenome não tanto, fiz um cálculo de IMC para uma altura e peso coerentes e criei o tal perfil.
Não satisfeita apenas com o Tinder, coloquei o mesmo homem no Grindr e no Hornet (Este último só descobri que existia por causa dessa zoeira, na minha cabeça existia apenas o Grindr), nesses dois apps eu mantive uma descrição adequada, um bom português mas fiz uso de uma ou duas gírias do meio gay para ficar verossímil.
Perfis criados, fui passando a lista de análise de mulheres no Tinder e deixei quieto no Grindr e no Hornet. Considerando que a forma de levar as pessoas ao contato são diferentes entre os apps conhecidamente gays e o Tinder, nos apps gays eu não precisava ficar dando sim ou não nas listas, quem quisesse falaria comigo.
Eu não fiquei de papo furado no app, queria apenas ver como as pessoas se comportariam.

Reparei que no Tinder, apesar de ter MUITOS match feitos, pouquíssimas mulheres vieram puxar conversa “comigo”. Elas davam match e ficava aquele limbo do “Te dei permissão para falar comigo, agora venha você”, acho que isso é meio que parte do nosso maravilhoso orgulho feminino de mostrar interesse mas não ir as vias de fato. Ao invés de ir atrás, apenas ficar sentada esperando o cara tomar uma atitude. Isso pode ser uma das possibilidades, mas há também o fato de que nós mulheres nunca tivemos muito que nos preocupar em ter que chegar em alguém pq os homens sempre chegam, neste caso o cara não chegou pq, bem, era uma mulher hetero. Hahahahahha

No caso do Grindr e do Hornet, observei muitas semelhanças:
  • Não tinha essa de ficar esperando o cara fazer alguma coisa, cada um que quisesse alguém já viria e mostraria a que veio.
  • Nunca recebi tanto “Bom dia / Boa tarde / Boa noite” quanto nesses apps. Se eu tivesse alguma espécie de distúrbio onde não identificasse em que parte do dia eu estava, esse app serviria como aviso.
  • Muitas pessoas disponibilizam suas fotos privadas sem eu nem pedir. E isso não é algo que possa ser catalogado em uma categoria, por exemplo: Feios sempre já chegam disponiblizando fotos privadas. Não, várias pessoas belas, feias, jovens, mais velhas, machões, afeminados, meio termo, etc, todo tipo de pessoas já me davam oi disponibilizando acesso às fotos privadas.
  • Diferente do que deixam a entender nas internets, os apps gays não têm pintos pulando na sua cara todo o tempo. Mas eu também não pedi (até pq, como disse, não fiquei de papo furado com ninguém)
  • Alguns homens deixam a virilha como foto do perfil, outros tantos deixam da clavícula ao início da virilha, a grande maioria está descamisada e na praia, poucos deixam a foto do perfil como uma foto do rosto mesmo, algumas pessoas dão um zoom absurdo onde vc vê metade do rosto da pessoa e nunca sabe se ele é bonito ou não (nesses caso, normalmente não são e usam o zoom para usar a parte do rosto que valoriza) e uma boa quantidade mostra apenas o sorriso e um pedacinho do peito.
  • Dá a entender que alguns não querem ser identificados, mas não entendo a razão disso. É um app gay, as pessoas seriam preconceituosas contra si mesmos? Gays sendo preconceituosos com gays? Ou seria uma forma de evitar serem reconhecidos caso um louco desavisado resolvesse entrar no app para ver quem está lá? Não sei. Por eu ser hetero, esse é um ponto que eu não tenho muitos esclarecimentos, então não posso concluir nada sem soar afobada e errada.


De qualquer forma, em ambos os apps vi que não são compostos apenas por pessoas feias e desesperadas, o que eu já suspeitava, pois tenho uns amigos que usam esses apps e eles são bem bonitos (homens e mulheres), mas sempre achei q eles fossem uma exceção à regra, mas não são. Muitas pessoas muito bonitas estão nesses apps com o objetivo de se encontrarem.

Se encontrei amigos nos apps?
Sim. Alguns até vieram me cantar, mas na grande maioria não falei nada. Com um eu contei que eu era eu. hahahaha

Se essa experiência me fez mudar o julgamento com relação ao app e sua utilidade?
Sim, mudou.

Se eu irei começar a fazer uso desses apps para mim mesma?
Não, pq parte do que eu pensava foi confirmado (A parte da Feira de Corpos) e eu me recuso a ser mais uma que vai depender de um dedo corrido para direita ou para a esquerda e assim ser catalogada como pegável ou não. Isso já acontece na rua quando você vai conhecer novos humanos e não preciso de um app na minha casa com esse objetivo.

Um beijo no coração.

PS: Meus perfis já foram devidamente deletados.